Hoje fui passear a um lugar construído a pensar que a vida ía ser de uma maneira. E depois foi de outra. Vi fantasmas do que foi, promessas do que alguém queria que tivesse sido e adaptações mais ou menos bem-sucedidas ao que é (ou ao que se quer que seja).
Vi paredes que, por acusarem a passagem do tempo, parecem ter parado nele. Sem gente dentro, com gente por dentro. Casas que parecem ter respirado as pessoas.
Vi o café central que já não fica no meio. O mercado onde já ninguém merca. A Rua dos Lojistas onde não os há.
Vi santos de azulejo a abençoar a vida que já aconteceu. Placas a alertar para cães que já guardaram. Vivendas com 4 quartos para as famílias que já não (o) são.
Vi transplantes, cirurgias plásticas e reencarnações. Corpos que perderam as suas almas, almas novas que mataram os velhos corpos e novos corpos que nasceram no seu lugar.
Casas económicas, com topos de gama à porta.
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