25/05/2016

Would you?

Would you rather be a window shopper?
Gaze at life behind safe glass
Dreaming of what could if you just would
Paying no money wasting your time
Protecting from pleasure feeling the pain
Knowing the wind by the waving trees
Grasping spring through dressed up mannequins

06/02/2016

Carol

O barulho de um comboio. Uma grade. Que é chão, respiradouro. É entre o aprisionamento e a evasão que esta história se vive. O balcão para além do qual não se pode passar. O comboio em círculos. O casamento imposto. As visitas condicionadas. A moral instituída. O amor convencionado. Com Carol e Therese olhamos pelo canto do olho, por trás de janelas, por entre flocos de neve, através de uma objectiva. Respiramos por entre as grades da vida. E cumprimos o desejo de evasão em viagem, onde o carro, cujos assentos recebem o espraiar e servem de aconchego, nos levar. Ainda que aquilo a que chamam casa ensombre o rosto e o destino. No caminho, apesar de e para além de, o amor encontra um meio (uma mão encontra um ombro, que encontra outra mão), para logo ser ameaçado com o fim. Mas há algo que nos chama e ao qual temos de atender. Umas luvas deixadas para trás. Um telefonema em suspenso. Uma carta recebida. Um vislumbre através da janela. Uma mão no ombro. Por isso, caminhamos, apesar de todas as ameaças e de todos os medos. Em câmara lenta, como na tv. Para um novo lugar, para uma nova viagem. Para casa.


31/01/2016

(Eu) Largo

Mar alto, camisola folgada, avenida espraiada, céu aberto, horizonte.
Lugar que não (se) contém, mas onde os outros confluem.
Soltar, deixar ir, deixar correr.
Não agarrar, não segurar, não reter.
(Desistir, não gosto de o dizer. Não insistir, outra maneira de ver.)
Não prender. E, por consequência, não perder.

24/01/2016

Curva e contra a mesma

Curva do joelho, contracurva cotovelo
Essa brisa-furação despenteia-me o cabelo
Zap no programa, olha o zip do vestido
Bang-bang coração por sussurrar-te ao ouvido
Rio da má sorte, menos maré que marinheiro
E mergulho de cabeça em poliban de chuveiro
Chapéu já se sabe só sai quando não cai pingo
E eu não acerto linha quanto mais cartão de bingo
Humor de perdição, amor meu de encontro ao peito
Faz ver só qualidades onde o outro acha defeito
Lentes de paixão, antes míope sempre fosse
Confesso o meu amor, era uma vez, já está, acabou-se

08/01/2016

Sinais

Fora do teatro, onde a vida se contou em sinais, está o que lhes dá origem. O homem que escolhe uma peça de roupa como quem procura uma vida nova que lhe sirva. Os tupperwares que se distribuem por quem tem fome mas não comida. O abrigo que se imprime no colete e se dá a céu aberto. A porta do edifício neoclássico que se transforma em baliza de penaltis de vida súbita. Os táxis que levam para casa quem a tem e para o hotel quem dela temporariamente folgou. Os grupos que saem de jantares bem regados desmoídos em direcção ao próximo copo. A árvore que anuncia um nascer a quem dorme pela existência ou morre um pouco todos os dias. A estrela no seu topo que parece arranhar o céu escuro monocromático da cidade. Os repuxos da fonte que lembram momentos de erupção e simultaneamente recordam que o que sobe tem de descer. E em baixo, no chão, este tapete português onde, não importa o que calçamos, todos andamos.