30/08/2013

It takes forever to get home


Pode ser um sótão, alcatifado a azul.
Pode ser uma varanda, pequena, com uma vista grande.
Podem ser bicicletas, sujas, encostadas ao corrimão.
Podem ser portas, de garagem, feridas por bolas de futebol.
Pode ser um abraço, grande, a oito braços.
Pode ser uma placa, na parede, a desejar o que já foi.
Também pode ser o sopro forte, que despenteia.
A paisagem, a desfilar, nas janelas do carro.
A estrada nacional, que rola, nos pneus.
A música roufenha, que nos envolve, na banda sonora perfeita.
A própria viagem, longa, como lugar de vida.
E o rio, sempre, que corre para o mar.


24/08/2013

Carta de intenções

«Caminhámos naquela luz tão pura e clara, que dourava a relva e as folhas secas. Era uma luz tão suave e serenamente resplandecente que pensei que nunca me banhara numa torrente de águas tão douradas, calmas e silenciosas. A vertente oeste de cada bosque e todos os terrenos elevados reluziam como os confins dos Elíseos, e o sol nas nossas costas parecia um gentil pastor que nos conduzia ao lar ao fim da tarde. Assim vagueamos para a Terra Santa, até ao dia em que o sol brilhe mais do que nunca e reluza também nos nossos corações e espíritos, iluminando a vida num grande e radiante despertar, tão quente, tranquilo e dourado como uma colina no Outono.»
in Caminhada, Henry David Thoreau